HOLOCAUSTO: O FASCISTA QUE SALVOU 5.218 JUDEUS

Giorgio Perlasca (31 de janeiro de 1910 – 15 de agosto 1992) nasce na cidade italiana de Como. Ainda jovem, adere à ideologia fascista, tornando-se um entusiasta. Em 1935 combate na África Oriental Italiana durante a guerra contra a Etiópia. Sucessivamente luta como voluntário na Guerra Civil Espanhola ao lado das forças do general Francisco Franco e, por esse motivo, ao voltar da Espanha recebe uma carta de agradecimento assinada pelo próprio Francisco Franco. No entanto, desilude-se com o fascismo italiano devido à aliança com a Alemanha (contra quem a Itália havia lutado durante a Primeira Guerra Mundial) e a implementação na Itália das leis anti-semitas e raciais, aos moldes do nazismo.

Francobollo commemorativo su nascita di Giorgio Perlasca

Durante a Segunda Guerra Mundial, Perlasca trabalha, com status de diplomático, no Leste Europeu, com o objetivo de comercializar carne para o Exército Italiano em ação nos Bálcãs. Encontra-se na Hungria quando a Itália assina o armistício (8 de setembro de 1943) com os Aliados. Sentindo-se ainda vinculado ao soberano italiano, não adere à República Social Italiana (RSI) criada por Mussolini, sendo assim detido pelo governo húngaro pró-Alemanha, mas consegue fugir do cativeiro. Tendo ainda consigo a carta assinada pelo general Franco, procura asilo junto à embaixada da Espanha em Budapeste onde, em virtude dessa carta, recebe imediatamente a cidadania espanhola e um passaporte com o nome de “Jorge” Perlasca.

Todavia, em vez de voltar à Itália, Perlasca passa a auxiliar o embaixador espanhol, Ángel Sanz Briz que, juntamente com outros representantes de países neutros (Suécia, Portugal, Suíça e Vaticano), trabalhavam para evacuar a população judia do país. Em novembro de 1944, Sanz Briz recebe ordem do governo espanhol para retirar-se para a Suíça.

Perlasca recusa-se a sair do país, e, através de um documento forjado, apresenta-se como substituto temporário do embaixador frente à embaixada espanhola em Budapeste. Destarte, impede que o governo húngaro confisque os imóveis de propriedade da embaixada, e os transforma em “casas-seguras” (devido à imunidade diplomática), onde consegue refugiar milhares de cidadãos judeus.

Durante todo o inverno 1944-1945, Perlasca esconde, protege e alimenta milhares de judeus, além de emitir salvo-condutos que permitem a saída em segurança de um grande número desses cidadãos. A justificativa jurídica dos salvo-condutos é uma Lei espanhola de 1924 que garante a todos os judeus sefarditas o direito à cidadania espanhola.

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Uma cena do filme: “Perlasca”

Em dezembro de 1944, Perlasca, desafiando bravamente um coronel das SS, consegue resgatar dois moços judeus que estavam sendo levados a um trem direto para um campo de extermínio. Logo em seguida, o diplomata sueco Raoul Wallemberg, que assistiu à cena, o informa que o oficial alemão é nada menos que o famigerado carrasco nazista Adolf Heichmann.

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Com a expulsão dos alemães e a ocupação da Hungria pelas tropas soviéticas, Perlasca volta para a Itália, vivendo no anonimato e sem revelar a ninguém (nem mesmo a sua família) suas ações humanitárias durante a guerra. Porém, a comunidade judia de Budapeste não o esqueceu e, em 1980, consegue localizá-lo, vivendo modestamente na Itália. É então que o mundo conhece a heróica história de Perlasca.

Giorgio Perlasca foi reconhecido e condecorado por vários governos. Suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial foram retratadas no filme “Perlasca – Um herói italiano”, produzido pela emissora italiana RAI.
Giorgio Perlasca faleceu de um ataque cardíaco em 1992 após ter sido considerado, pelo governo de Israel, como “Justo entre as nações”.

Condecorações:

Medalha da Knesset (Israeli Parliament) – Jerusalem, 1989
Star of Merit – Hungary, 1989
Town Seal of Padova – Padova, 1989
Medal of the Holocaust Museum – United States, 1990
Grande Ufficiale della Repubblica – Italy, 1990
Medalha Raoul Wallenberg – United States, 1990
Ordem de Izabel A Católica – Spain, 1991
Gold Medal for Civil Bravery – Italy, 1992

Site italiano dedicado à Fundação Giorgio Perlasca:

6 comentários

    1. Olá, Norma. Giorgio Perlasca teve sorte, pois a coragem dele recebeu, embora tardios, muitos reconhecimentos internacionais. Bem pior foi a sorte do diplomata sueco Raoul Wallenberg; preso pelos Soviéticos e acusado de espionagem, acabou sendo levado na prisão da NKDV em Moscou onde foi torturado e veio a óbito em 1947. Abç.

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